Reflexão

04-03-2011 12:49

 

Reflexão

 

 

“Função docente: natureza e construção do conhecimento Profissional”

 ROLDÃO, M C – Saber (e) Educar, Porto: ESSE de Paula Frassinetti, n.º 13, 2008, Pag 171-184

 

 

Para nos considerarmos profissionais na acepção específica do termo precisamos de uma maior autonomia, sobre as decisões inerentes à função de ensinar e demarcarmo-nos do funcionalismo para que somos por vezes remetidos pela pressão das administrações e dos poderes económicos.

     O que caracteriza a nossa profissão é a natureza da função que desempenhamos e a especificidade do nosso saber.

A função de um profissional do ensino, é diferente da função de ensinar que socialmente é aceite, quando se permite que outros sem formação específica a desempenhem.

 

“Fazer aprender pressupõe a consciência de que a aprendizagem ocorre no outro e só é significativa se ele se apropriar dela activamente.” Roldão (2010:47)

 

O conhecimento profissional resultante da prática de ensinar implica várias formas teórico-científicas (o que ensinar), científico-didácticas (como ensinar) e pedagógicas (a quem e de acordo com que finalidade, condições e recursos), num contexto específico (como ensinar aqui e agora).

Existem várias teorias sobre a natureza do conhecimento profissional docente, identificando-se segundo Montero (2005) duas linhas dominantes: a que se aproxima dos estudos de Lee Shulman (1986, 1987) e Shulman e Shulman (2004), em que se analisam os componentes envolvidos no conhecimento global docente (do conhecimento do currículo ao conhecimento dos alunos, do conhecimento cientifico ao conhecimento didáctico, do conhecimento didáctico do conteúdo e ao conhecimento científico pedagógico), e uma outra linha, a de Freema Elbaz (1983) e Conellye Claudinin (1984), desenvolvida a partir dos anos oitenta do século XX, sobretudo, sob a forte influência de Donald Schon e da sua epistemologia da prática (1983, 1987), que se centra na construção do conhecimento profissional enquanto processo de elaboração reflexiva a partir da prática do profissional em acção.

O conhecimento profissional ou melhor chamando, o saber educativo, é o que caracteriza a função profissional docente e requer uma integração adequada de um leque diversificado de saberes, relativos aos conteúdos escolares, científicos, metodológicos, práticos resultantes do domínio de técnicas e rotinas, que devem ser mobilizados em torno de cada situação educativa concreta, objectivando sempre a aprendizagem do aluno.

     Segundo Roldão (2006a) o que há de específico e distintivo no conhecimento profissional docente é: a sua natureza compósita, em que há uma mútua incorporação dos diversos conhecimentos; a capacidade analítica, em que sobre um saber técnico há capacidade de improvisar; a natureza mobilizadora e interrogativa através de uma prática reflexiva acerca da acção prática e do conhecimento adquirido ou da experiência; a meta-análise através de uma postura de distanciamento e autocrítica e a comunicabilidade e circulação que implica um saber articulado e organizado numa comunidade de pares.

Ser um profissional docente é ser especialista na complexa capacidade de mediar e transformar o saber do conteúdo curricular através de um processo mediado por um sólido saber científico em todos os campos envolvidos e um domínio técnico–didáctico rigoroso, em que o professor reflecte sobre a sua acção, discute com os seus pares e supervisores, ajustando o conhecimento do aluno e do seu contexto, de modo a que a aprendizagem aconteça. Segundo Roldão,

 

“Saber produzir essa mediação não é um dom, embora alguns o tenham; não é uma técnica, embora requeira uma excelente operacionalização técnico-estratégica; não é uma vocação, embora alguns a possam sentir. É ser um profissional de ensino, legitimado por um conhecimento específico exigente e complexo”

 

 

Reflexão em grupo: Ana Coelho, Diana Vieira, Goretti Santos e Raquel Gomes