O Homem e o Futuro

11-03-2011 04:28

 Reflexões sobre o Homem e o Futuro

 

Começo esta reflexão por referir a dificuldade maior da tarefa que me foi atribuída: pensar o futuro. Os últimos 10 anos têm sido vividos tão intensamente que nem sempre encontro espaço para pensar o futuro. Foi necessário reorganizar-me e abrir espaços de pausa e reflexão nesta frenética correria diária. Vivemos atormentados com o uso do tempo presente “… uma mercadoria rara e dispendiosa e não é impunemente que se trapaceia com ele…” (D. Ettignoffer e G. Blanc, 2000:21) que não paramos sequer para pensar.

Devo referir a minha preocupação face às inúmeras catástrofes que a Humanidade tem vindo a enfrentar e que são por todos conhecidas através dos meios de comunicação. São os grandes terramotos, ciclones e inundações com enormes índices de destruição de vidas e patrimónios, seguidos de doenças e prejuízos de milhões nos países atingidos. São os desastres ecológicos de diversos tipos provocados pela acção do Homem que levam ao desaparecimento de muitas espécies de vida animal e vegetal causadores de desiquilíbrios os quais se repercutem directamente num número incalculável de pessoas em quase todo o mundo, influenciando de forma negativa a economia e gerando desemprego. São as incertezas económicas e sociais em que hoje nós vivemos, em face da crise global que atinge milhões.

Todas estas dificuldades desencadeiam em nós sentimentos de medo face ao futuro e podem levar-nos a procurar viver apenas para as exigências quotidianas, onde o curto prazo se torna mais importante. Mas o medo impede-nos de avançar, tira-nos a ousadia, a capacidade e a vontade para construir o futuro.

Li algures um texto de que não recordo o autor que dizia “Mais do que em qualquer outra época, a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto. O outro, à total extinção. Vamos rezar para que tenhamos a sabedoria de saber escolher.” É da responsabilidade de cada um libertar-se do medo, vencer a inércia que ele provoca e encontrar o caminho certo que nos leva a construir o futuro. Todos temos direitos e deveres e temos, por outro lado, a responsabilidade de cuidar do planeta como património comum. Uma sociedade desenvolvida deverá entender-se, não só em função da alta tecnologia que produz, mas sobretudo sobre os benefícios dessa tecnologia para todos os cidadãos. Sabemos bem como uma tecnologia, sem outros valores, conduz a inúmeros crimes ambientais. Cientificar não pode significar desumanizar. As decisões tomadas hoje têm que ter em consideração as consequências futuras.

Perguntaram ao Dalai Lama o que mais o surpreendia na Humanidade, ao que ele respondeu “- Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.” (mensagem recebida num postal)

Enquanto professora, e consequentemente educadora, procuro transmitir aos meus alunos a importância do sentido de responsabilidade nas escolhas feitas, nas acções realizadas, no respeito pelo outro e pelo meio ambiente. O futuro de cada um não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para o futuro não é encontrado, mas construído no presente que se deve viver intensamente, sem comprometer as possibilidades futuras. Esse acto de construção muda tanto o construtor como o destino. Se a educação é um processo pelo qual o indivíduo desenvolve a sua condição humana e todos os seus poderes estão em harmonia com a natureza e a sociedade, então, a escola, os educadores têm a responsabilidade de lhes transmitir a necessidade de pensar o futuro sem esquecer o passado, nem anular o presente.

            É possível pensar o futuro. Para isso devemos viver o presente de forma satisfatória e sem comprometer o futuro, devemos reforçar os laços sociais, fazendo nascer a responsabilidade, a liberdade e o amor e devemos ainda mantermo-nos abertos à realidade, cultivando a tolerância à frustração.

Ana Maria da Silva Ribeiro Coelho

3.º Ano Educação Musical -Turma B – N.º 38377