Reflexão: Modelo de Desenvolvimento Humano - Fernando Nogueira Dias

10-01-2011 09:09

Reflexão - “Modelo de Desenvolvimento Humano”

 

Numa primeira leitura feita ao texto fornecido, a ideia que prevaleceu é que estávamos perante uma teoria de desenvolvimento humano concebida e amplamente testada no âmbito de intervenções psicoterapêuticas e comunitárias. Estas intervenções orientaram-se pelos princípios contidos no conceito denominado Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvido pelo psicólogo Carl Rogers. Segundo este conceito, o desenvolvimento humano e as relações grupais pressupõem uma comunicação autêntica entre os participantes e a utilização de um conjunto de atitudes por parte do facilitador. São também apontados alguns princípios que constituem o modelo de desenvolvimento humano.

O ser humano é dotado de uma motivação inata que lhe permite fazer escolhas que contribuem para o seu desenvolvimento enquanto pessoa e que tem origem na tendência actualizante, o organismo tende a actualizar as suas capacidades e potencialidades. É esta motivação que lhe permite sobreviver, adaptar-se e evoluir. Para além desta motivação, o Homem possui também um sistema de auto-regulação que lhe permite modificar e corrigir acções futuras em função da avaliação das suas próprias experiências e acções.

Tomando como ponto de partida o referido texto, procurei reflectir sobre a escola que temos e que mudanças se produziriam com a adaptação deste modelo de desenvolvimento humano à educação.

O professor pode ser a chave do sucesso no desenvolvimento dos seus alunos. As aprendizagens fazem-se na interacção com os outros, pelo que o professor deve desenvolver uma relação pessoal com os seus alunos e criar um ambiente que facilite o desenvolvimento das potencialidades de cada criança. Na aprendizagem centrada no aluno, o professor é apenas o facilitador de aprendizagens e deve confiar na motivação e na capacidade que o aluno tem para pensar e aprender por si. Esta aprendizagem resulta da interacção com a sociedade, do contacto com os problemas reais, do envolvimento do aluno na resolução de problemas, das experiências realizadas e da necessidade que sentem de crescer e descobrir.

As aprendizagens podem ser facilitadas se as crianças virem no professor mais um elemento do grupo, uma pessoa real capaz de ter e de manifestar sentimentos tal como elas, se o relacionamento entre ambos for autêntico. Só num ambiente de confiança é possível “avaliar as suas acções e experiências e proceder às correcções necessárias para as acções futuras.” A auto-avaliação ganha o lugar da avaliação. Podemos dizer que aluno e professor, partilham entre si a responsabilidade do processo de aprendizagem. 

O professor deve ter uma atitude de empatia, de compreensão. Deve ser capaz de se colocar no papel do outro para poder ver o mundo com os olhos do outro e melhor o compreender, sem no entanto deixar de ser quem é.

Como é difícil descermos do estrado em que nos colocamos e perceber o mundo real dos nossos alunos. No entanto, se não entendermos a sua realidade não seremos capazes de entender o que realmente é significativo para eles nem estaremos à altura de lhes facilitar essa descoberta. Então, continuaremos a ouvir diariamente este lamento “Porque será que os meus alunos aprendem as canções em inglês, os nomes dos actores e tantos outros assuntos e não conseguem aprender os conteúdos das aulas?”

A construção do conhecimento implica motivação, afectividade e sensibilização e o professor deve ser o facilitador que os leva às suas próprias experiências para que eles se tornem autónomos e sigam pelo próprio pé.

Termino com umas frases que encontrei em tempos e que considero muito adequadas a este momento de reflexão.

 

"Se eu deixar de interferir nas pessoas,

elas se encarregam de si mesmas.

 

Se eu deixar de comandar as pessoas,

elas se comportam por si mesmas.

 

Se eu deixar de pregar às pessoas,

elas se aperfeiçoam por si mesmas.

 

Se eu deixar de me impor às pessoas,

elas se tornam elas mesmas"

                                             LAO-TSÉ

Ana Maria Coelho, n.º 38377